vendredi 5 juillet 2013

A VIDA É UM POEMA EM PROSA








Lembras-te
Do dia em que nos encontramos
Os nossos olhares cruzamos
E nos embebemos de amor?
Lembras-te
Dos passeios na nossa rua?
A minha mão apertava a tua
E fazíamos a volta do quarteirão
Naquelas cálidas noites de verão.
Lembras-te
Do nosso primeiro beijo?
Os meus lábios acariciaram o teu queixo,
Tu ficas-te petrificada,
Mas num nada...
Tu me deste a tua boca
E eu louco e tu louca
De prazer profundo,
Por instantes pensamos
Que estávamos sós no mundo.
Lembras-te
Do dia do nosso casamento?
Inolvidável momento!
Tu, toda de branco vestida
De flor de laranjeira guarnecida
E eu de fato preto.
E quando lá no Altar
Demos o sim sem exitar,
A Virgem sorriu ao ver nosso olhar.
Lembras-te
Da nossa primeira discussão?
Que não nos desuniu , isso não.
Foi um grão de areia
Que trazido pelo vento
Na nossa vida entrou
Mas a brisa do amor que nos ligou
Sopro-o para longe, não mais voltou.
Lembras-te do dia em que me disseste
Que eu ia ser papá?
E tu quiseste
Que fossemos comprar o enxoval
Sem saber se azul ou cor de rosa,
Mas qual importância?
A vida é um poema em prosa
Cantado pelo rouxinóis num roseiral.
Lembras-te 
Quando o fruto do nosso amor
Abriu os olhos para a vida
E um enorme calor
Invadiu os nossos corações?
Nós ficamos mais ricos e as emoções 
Que esse dia nos trouxe
E tu pensas-te que eu não fosse
A partir daí o teu único amor.

A neve cai.

E o seu manto branco brilha na noite.
Noite de inverno, noite escura
Noite longa mas que nos dá a ventura
De poder admirar as labaredas na lareira
Que aquecem nosso lar, nosso ninho.
Admirar extasiados, nosso netinho.
Relembrar o passado, sempre presente.
Porque o nosso amor, jamais esteve ausente.
Vejo-te sempre toda de branco vestida.
De flor de laranjeira guarnecida!
Lembras-te do meu fato preto?
Lembras-te?

A. da fonseca

TEU NOME.. LUISA




A neve caiu!
Os prados estão branquinhos
Como os nossos cabelos
Que já estão velhinhos.
Junto à lareira
Aqueço meus pensamentos,
Penso à feiticeira
Que enfeitiçou meus tempos.
Teu nome... Luísa!
Como vês, não esqueci.
Tu és ainda a brisa
Onde me envolvi.

Nas casinhas baixas, lá no Cacém
À linha do caminho de ferro, paralelas,
Morava o meu amor, meu bem.
Que me esperava atrás das janelas.

A água salgada aos domingos de manhã
Nos acariciava como por magia.
Não esquecerei a Praia das Maçãs
Onde tu e eu, passávamos o dia.

A neve caiu.
Os prados estão branquinhos
Como os nossos cabelos
Que já são velhinhos.
Junto à lareira
Aqueço meus pensamentos
Penso à feiticeira
Que enfeitiçou meus tempos.
Teu nome... Luísa
Como vês, não esqueci.
Tu és ainda a brisa
Onde me envolvi.


MEU QUERUBIM







O Sol veio aquecer o nosso ninho

E uma linda cegonha deixou sobre
Os nossos lençóis de linho,
A mais bela dádivo à qual pudesse sonhar.
De frente para este pequeno ente,
Eu estou em êxtase!
Quanto mais a admiro do meu olhar,
Mais o meu amor é quente, como brasa
Es minha filha, filha da minha carne,
Eu vou-te idolatrar.

Aperto-a forte , nos meus braços de algodão.
Contra o meu peito, sinto palpitar o seu coração.
As minhas mãos acariciam o seu corpo
E eu entro em órbita,
Órbita de amor, de amor se fim.
Eu te amarei, Anjo do meu encanto
Na vida eu te guiarei,
Oh... como eu te amo tanto.
Tu é's meu amor, meu querubim.

E durante a noite, não faço que sonhar.
Sem trevas a vejo crescer, a vejo andar.
Sonho de a ir buscar à escola, de a proteger.
Sonho de a acompanhar à Igreja para se casar.Vejo os meus cabelos esbranquiçar, esbranquiçar...

Com a certeza de ter cumprido o meu dever.

mercredi 3 juillet 2013

NÃO SÃO QUE PUTOS DA RUA

Photo, Charles Rassaut


Não importa onde nascem
Não importa a sua cor.
O importante é que passem 
Na vida com muito amor.

Alguns são passarinhos
Que dormem à luz da Lua.

Depenados de carinhos,
Não são que putos da rua.

È triste ver esses putos
Que não têm eira nem beira.
A vida só lhe dá chutos
Têm o Sol como braseira.

Crianças de vida triste
Merecem ser mais amadas.
Mas para eles não existe
Que as pedras da calçada.

Putos sem ontem nem hoje
E de um amanhã incerto,
È a sorte que deles foge
E os lobos ficam mais perto.

Pássaros que vão crescendo
Sempre com as asas quebradas,
Num mundo sem dividendo
Com a miséria de mãos dadas.

Velho Mundo,
Voltas-te à Idade-Média.
E esta sociedade sem
rédeas
Deixou de ser a grande dama.
Velho mundo,
A tua mocidade anda perdida
A sua estrada na vida
È toda feita de lama

mercredi 26 juin 2013

LÁGRIMAS DE CRISTAL



Esta noite choveu.
As gotas eram de prata
Como as lágrimas da mulata
Que um dia me prendeu

Mas as nuvens eram brancas
Fofas como o algodão,
Que cercaram meu coração
Como lindas pombas brancas.

E essa mulata de sonho
De pele da cor do café,
Lábios de cor de medronho
Olhos negros da Guiné.
Que me fizeram divagar,
No universo do amor
No meu jardim lunar
Era a mais linda flor.

Rosa negra de veludo
Que meus lábios beijavam
Pétalas que se entregavam
E que me deixavam mudo.

O meu jardim morreu
Numa noite invernal,
Tive lágrimas de cristal
E nessa noite choveu

mardi 25 juin 2013

CALA-TE MUNDO



Cala-te Mundo!
Já muito disseste
E muito pouco é a verdade.
Onde está a paz que prometes-te?
Onde está o amor sem tréguas?
Disseste, é verdade que haveria guerras
Mas nada fizeste para as evitar.
Cala-te, cala-te por favor!
Não firas mais os meus ouvidos
Com falsas, sim, falsas promessas.
Não ferirás mais tantos corações
Que em ti confiaram, 
Não ferirás mais a esperança 
Que prometeste a tantas crianças
E que hoje o seu teto sãos as estrelas.
Cala-te, cala-te, não digas mais nada.
O que prometeste foi só para alguns.
Esses vivem em Palácios, 
Passeiam em grandes Limusinas,
Navegam em Iates de grande luxo,
Esses te agradecem as tuas promessas,
Mas Mundo, prometeste tudo à avessas.
Cala-te Mundo, cala-te, não digas mais nada.